quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ciclos


E esse Sol
forjando o imponderável
na bigorna do horizonte

E essa Lua
intangível
com suas promessas de sonho

E esse momento
em que nos aproximamos das brumas ...


(O Estalo da palavra)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008


Levem-me as horas
para os caprichos mundanos!

Já destaquei a etiqueta.

Tomei posse do indivíduo.

Será que não vêem em meu
ante-braço o carimbo de “pago”?

sábado, 11 de outubro de 2008

Zé das Virgens





Zé das Virgens –
um despirambado!

Sempre com
respingos de aurora
no olhar.

Ao longo dos anos
ninou a menina Maria,
adormecida pelo cheiro da cola

(deu-lhe o nome
de Maria das Nuvens).

Zé das Virgens
desposou Maria das Nuvens,
debaixo de uma marquise,
num dia de tempestade.

Muito, de tudo,
ele ofereceu
para sua amada:

Deu-lhe
às águas do mundo,
às pétalas das rosas,
os sons das ondas,
o ruído das asas dos colibris.

Pediu-lhe apenas
a escuridão de sua boca.
(sumidouro do mundo)
Para onde partiu
deixando de lado
a eternidade.


(Breves palavras)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Carta ao jovem Nietzsche


O fino trato
que despendes com tua escrita
não merece o desfastio
dos ascetas.

Poeta,
mantenha léguas
do itinerário dos justos.

O verso
que te arde as conjuntivas,
que faz suar as mãos sobre a mesa,
desgosta os santos.

Lembre-se que
gostariam de te estirpar
os olhos mas
te presenteiam com um sorriso.

Sempre soubestes
que poderias contar
com teus inimigos
(os bons e justos tudo temem)

Poderá existir alguém
mais fiel que um inimigo?