photograph © 2005 Steven Smith
Esperança é uma simples questão
de instinto de sobrevivência.
Mangas curtas.
Mãos sujas – postas –
sob o pano verde.
Cartas esparramadas.
No assoalho – o redemoinho –
espiral ao avesso.
Boca larga, a da sombra...
Escondida,
entre longos dedos.
Copo emborcado.
Guimba pendurada
na boca murcha.
(Como é bela e inútil
a centelha do último cigarro).
Barba imunda,
ralando a ferrugem
da mesa da Brahma.
(Qual vício
substituirá o desespero?)
Ossos – despojos – largados.
Ponte pênsil,
de trêmulos pingentes,
a pressagiar o
chão que se abisma.
(Soluços e baba
dizem da metafísica.)
Arrepio.
Catar gargalhadas
nas vagas que já
recolhe o corpo
(que se distancia.)
E as bordas do sol
roçando o horizonte.
(tempo de crendice,
de terço).
Humores, farrapos,
cachaça.
Rumores, gargalos,
cabaços.
Batuques, bagulhos,
Carcaça...