Caros amigos:
Estaremos realizando no próximo mês o lançamento do meu novo livro de poemas " Breve dicionário (poético) do boxe pela Editora Patuá.
Para aqueles interessados em adquirir o livro basta acessar o link abaixo:http://editorapatua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=294
Em breve divulgarei o convite para o lançamento que será realizado na Biblioteca Pública do Estado do Espirito Santo.
Grande abraço,
Jorge Elias.
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
quarta-feira, 8 de julho de 2015
A fábrica de nuvens
PONTA DE TUBARÃO
Roubaram-me a linha do infinito. Não posso mais ver o mar despencar no vazio, vejo apenas uma fábrica, um porto e os navios. Como é possível ser poeta sem o interminável? Mas dá-se um jeito – aprendi isso com o tempo.
Jorge Elias Neto
Roubaram-me a linha do infinito. Não posso mais ver o mar despencar no vazio, vejo apenas uma fábrica, um porto e os navios. Como é possível ser poeta sem o interminável? Mas dá-se um jeito – aprendi isso com o tempo.
E, nesse caso, bastou olhar, em um fim de tarde, para os lados do Tubarão e ver a chaminé da fábrica. Ela, de um fôlego inabalável, me disse: “Aquela nuvem que passa lá em cima sou eu”... Música antiga, caros saudosistas ... E eu olhei a nuvem. E tenho olhado desde então como ela compõe o céu de minha terra, como ela consegue, impassível a tudo e a todos, manchar de cinza até mesmo aqueles dias em que desvio dela o olhar maravilhado com o céu de brigadeiro onde não sopra o vento nordeste.
Em dias de chuva, de nuvens grossas e cinzentas, parece que, com o orgulho ferido, ela acrescenta algo mais à escuridão do dia.
E nas noites ... Ora amigos, olhem para a fábrica de nuvens durante a noite. Sob o tom que o céu assume devido às milhares de lâmpadas ligadas, ela se exibe como diante de holofotes, parecendo competir com a lua pelo protagonismo da noite.
Seria só isso se não fosse a meticulosidade da fábrica de nuvens. Pois ela também é discreta e, não fosse o artista Kleber Galveas mostrar, ano após ano, que a tela é o cinzeiro da pós-modernidade, nem os cidadãos que se pintam de preto na orla de Camburi, ela bem que tentaria passar ao menos um pouco despercebida.
Resolvi então copiar o inabalável artista da Barra do Jucu. Fiz um experimento.
Pintei de verde o cacto enegrecido de minha casa. Como o artista, usei as mãos – pois, em meu caso, a tela possuía espinhos.
Confesso que os poucos espinhos não me feriram mais do que minha mão enegrecida.
Mas, na minha soberba de homem, senti ter pintado de verde o cacto que persiste em minha varanda. Como fosse eu Tistou, o menino do dedo verde, a pintar de verde a superfície das plantas asfixiadas. Quisera ter o dedo azul para pintar o céu e um dedo-borracha para apagar de vez a cor cinza que paira, impune, sob o céu de minha Terra.
Jorge Elias Neto
Postado por Jorge Elias às 5:24 PM 1 comentários
sexta-feira, 3 de julho de 2015
NOTURNO
Noturno
O impulso carrega
uma promessa dos pés
Andava
─ confortavelmente ─
no escuro
( sentia o
calor
das coisas mortas)
(Quem o pariu foi o
vento nordeste
assustado
com o apito do
navio)
Nas mãos
a lista dos homens
tristes
e linhas tortas
─ desencontradas
A seu lado
uma inútil sombra
─ essa mundaneidade
Tinha a noite
e a paz das sarjetas
abandonadas
O Mundo
acontecia dentro dos
olhos
Deus
era imagem
ausente
à margem da fábula
O corpo
─ acaso assombroso ─
rompeu a escuridão
da Ilha morta.
Jorge Elias Neto
Postado por Jorge Elias às 1:57 PM 0 comentários
Marcadores: Poema
sábado, 16 de maio de 2015
Imensidão
Letra
miúda, essa, do tempo,
caber
o risco do vento
o
uivo, o eco,
toda
delicadeza dos voos dispersos
e
restar espaço
para
tantos sonhos na inocência
de
uma infância.
Jorge ELias Neto
Postado por Jorge Elias às 2:57 PM 0 comentários
Marcadores: Poema
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Le risque - Hommage à Charlie Hebdo caricaturistes
Le risque
qui donne la richesse de perdre ?
Auteur :Jorge
Elias Neto
Traduction: Francis Juif
Le risque
était libre.
Il vivait
sans Père,
sans Patrie.
sans Patrie.
Indéchiffrable,
il frétillait au moindre
indice de calligraphie.
Il ricochait sur les dalles,
se sortait à peine échaudé des querell
e set sans résidus de lettres.
Le risque ne le savait pas,
mais il était hédoniste.
Il se servait du camouflage
des incompris.
Rusé,
il créait ses fausses pistes.
Le risque était tantôt relâché,
tantôt
tendu ;
ses
intentions n'étaient pas claires.
Insaisissable,
il ne se laissait pás
marquer avec des mots.
Incorrigible,
il ne
connaissait qu'une peur:
la discontinuité.
Il se créait dans le silence,
ne laissait pas de traces.
Il choisit la clandestinité
Postado por Jorge Elias às 5:37 PM 0 comentários
Marcadores: francês, Francis Juif, Poema, Tradução
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Poema em homenagem aos cartunistas assassinados em Paris - do livro Rascunhos do absurdo
O risco
O risco era solto.
Vivia sem Pai,
sem Pátria.
Indecifrável,
esperneava ao mínimo
indício de caligrafia.
Ricocheteava nos lajedos,
saía chamuscado das rusgas,
mas sem resquícios de letras.
O risco não sabia,
mas era um hedonista.
Usava a camuflagem
dos desentendidos.
Serelepe,
causava seus descaminhos.
O risco, ora era frouxo,
ora era tenso;
seguia desmoldando intenções.
Era corisco,
não se deixava
ferrar com palavras.
Incorrigível,
só tinha um temor:
a descontinuidade.
Criava-se no silêncio,
não deixava rastros.
Optou pela clandestinidade
ao abandonar o traço.
O risco era solto.
Vivia sem Pai,
sem Pátria.
Indecifrável,
esperneava ao mínimo
indício de caligrafia.
Ricocheteava nos lajedos,
saía chamuscado das rusgas,
mas sem resquícios de letras.
O risco não sabia,
mas era um hedonista.
Usava a camuflagem
dos desentendidos.
Serelepe,
causava seus descaminhos.
O risco, ora era frouxo,
ora era tenso;
seguia desmoldando intenções.
Era corisco,
não se deixava
ferrar com palavras.
Incorrigível,
só tinha um temor:
a descontinuidade.
Criava-se no silêncio,
não deixava rastros.
Optou pela clandestinidade
ao abandonar o traço.
Postado por Jorge Elias às 11:03 AM 1 comentários
Marcadores: Poema
Assinar:
Postagens (Atom)